A melhor forma de prevenir a Meningite nas crianças é com vacina
Especialista esclarece dúvidas sobre a doença e reforça que o receio de contrair a COVID-19 e as restrições da pandemia não devem prejudicar a vacinação
No último fim de semana, no dia 24, foi o Dia Mundial de Enfrentamento da Meningite, e o alerta para essa doença rápida e grave é de Moacir Pires Ramos, médico infectologista cooperado da Unimed Curitiba: “a melhor forma de evita-la é com a vacina”. Mas uma pesquisa do Ibope encomendada pela farmacêutica Pfizer em outubro de 2020 mapeou como as famílias brasileiras estão agindo com relação à saúde infantil durante a pandemia e revela um dado preocupante: cerca de 29% dos pais deixou o calendário de vacinação de seus filhos atrasar por medo da COVID-19. E outra pesquisa, da farmacêutica GSK, apontou que 50% dos brasileiros deixaram de vacinar os filhos contra a meningite durante a pandemia.
O problema é que, sem estarem vacinados, crianças e jovens podem estar expostos a contrair a Meningite, cujas formas de transmissão são semelhantes às da COVID-19. Os dados das pesquisas mostram que é importante reforçar outras medidas de prevenção. Para Ramos o jeito é continuar com todos os cuidados preventivos, o que já fazemos todos os dias. “O controle para evitar pegar essa doença é o mesmo controle das viroses e infecções bacterianas respiratórias. Distanciamento social, uso de máscaras faciais, higiene das mãos e higiene respiratória, não ficar tocando nariz e boca com as mãos, espirrar ou tossir na manga”, lista.
A doença e a vacina
A Meningite é uma enfermidade inflamatória. Moacir Ramos explica que ela atinge as meninges que são membranas que envolvem a medula espinhal e o cérebro. Ele ressalta que “a Meningite pode ser bacteriana, fungica ou viral. Perigosa, ela atinge de crianças a idosos e provoca lesões mentais, motoras e auditivas, podendo levar a morte”. Os principais sintomas, segundo o especialista, são “dor de cabeça intensa, com contratura da musculatura do pescoço a ponto de a pessoa não conseguir mexer muito bem, nem abaixar e nem levantar. Sempre está associada com febre, náuseas e vômitos em jato, intensos. Tontura também pode ocorrer”.
Já o infectologista Jaime Rocha, responsável pela Unimed Laboratório, informa que o laboratório fornece as vacinas meningocócica C, B e ACWY e ressalta que “as doses delas devem ser tomadas conforme as orientações feitas pelo pediatra”. No Programa Nacional de Imunizações do Brasil, a primeira dose da vacina meningocócica C é indicada aos 3 meses, com uma segunda dose aos 5 meses e um reforço aos 15 meses. Para adolescentes de 11 e 12 anos, é oferecida a meningocócica ACWY, que previne contra as bactérias do tipo A, C, W e Y.
“Existe um risco muito maior ao não vacinar o seu filho do que levá-lo para tomar as doses durante a pandemia. Afinal, as clínicas, laboratórios e postos de vacinação são lugares preparados para oferecer as doses a quem precisa, e são locais onde medidas de segurança não só foram adotadas como são rígidas", afirma Rocha.
Medo do coronavírus maior que de outras doenças
Os dados da pesquisa Ibope com Pfizer servem de alerta, pois a hesitação em vacinar crianças contra a Meningite nesse período pode provocar surtos da doença quando elas retomarem às aulas e outras atividades presenciais, com reencontros, sem estarem imunizadas. O levantamento demonstrou, por exemplo, que enquanto o coronavírus era temido por 75% dos pais, a Meningite era uma preocupação para 57%, e a Poliomielite para 52% deles. Mesmo a gripe, que pode ter variedades agressivas nos pequenos, teve apenas 9% dos pais preocupados. Ou seja, outras doenças muito frequentes, mais letais ou que deixam sequelas graves.
Para Rocha, a proteção que buscamos com as medidas preventivas enquanto estamos em pandemia deve servir para impulsionar os pais, para diminuir o foco no medo, e não o contrário. “Essa pesquisa mostra claramente o que está provocando queda da cobertura vacinal no Brasil, neste último ano. É compreensível que o receio de contrair a COVID-19 e as restrições das bandeiras tenham levado a esse pensamento, mas é importante o entendimento dos pais de que manter o calendário vacinal em dia é essencial porque previne não apenas a Meningite, mas várias outras doenças graves. E pode ainda evitar hospitalizações desnecessárias nesse momento difícil de hospitais cheios”, aconselha o infectologista da Unimed Laboratório.