Chega ao Brasil técnica que trata refluxo por endoscopia
Procedimento realizado há mais de 10 anos é liberado no país
Acaba de ser liberado pela Anvisa a realização da Stretta, técnica para tratar a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). O problema acomete 12% da população brasileira, cerca de 25 milhões de pessoas, e é causado quando o músculo entre o estômago e o esôfago se torna fraco, fazendo com que o conteúdo do estômago, inclusive ácido e bile, volte para o interior do esôfago.
O médico João Henrique Lima, cirurgião do aparelho digestivo e endoscopista do Hospital VITA Batel, conta que a técnica é realizada na Europa e nos Estados Unidos há 14 anos e já tratou mais de 20 mil pessoas. “É feita com a utilização de um aparelho de radiofrequência que faz um microagulhamento na passagem entre o esôfago e o estômago, que emite uma frequência, causa aumento de temperatura e estimula a formação de colágeno e expansão do músculo responsável por ocasionar o problema. Ao receber o impulso ocorre a aumento da musculatura, resultando no impedimento da ocorrência do refluxo”, explica o médico.
Segundo Lima, o procedimento vem preencher uma lacuna, já que na maioria dos casos o tratamento é feito somente de forma medicamentosa e alguns pacientes têm baixa resposta ou necessitam do uso contínuo dessa medicação, além disso, muitas vezes não são indicados para a realização da cirurgia convencional. Ele explica que a Stretta é indicada para pacientes com hérnia de hiato de até 3 cm, pessoas que já fizeram algum tipo de operação no estômago e que por esse motivo não estão aptas a passar por uma cirurgia antirefluxo convencional ou para quem tem sintomas atípicos, chamados extraesofágicos. “Pode ser feito em qualquer idade a partir dos 18 anos, é realizado por endoscopia de forma ambulatorial, com sedação e demora em média 20 a 30 minutos. Ao se recuperar da sedação o paciente recebe as orientações necessárias e é liberado para ir para casa, no mesmo dia, não há a necessidade de anestesia geral e internação”, destaca o médico.
Recuperação
Na cirurgia convencional o indivíduo precisa se afastar do trabalho por um período que varia entre sete a 15 dias, deve ficar sem dirigir por uma semana e sem fazer atividades físicas durante um mês. Já a técnica endoscópica encurta todo esse período de recuperação. Depois do procedimento o paciente pode voltar ao trabalho em torno de 48 a 72 horas, dirigir e retornar aos exercícios físicos e demais atividades cotidianas após 24 horas.
Quanto aos cuidados pós-procedimento, o médico explica que são os mesmos realizados na cirurgia convencional de tratamento do refluxo, mesmo sendo um método não cirúrgico (sem cortes), a pessoa deve seguir uma dieta inicial de uma semana com líquido, progredindo para uma dieta de fase liquidificada e pastosa por duas semanas. “O retorno à alimentação é gradativo até o paciente ter a dieta plena, o que leva em torno de 30 dias”, conclui o especialista.