Cirurgia preservadora de quadril pode evitar artrose e a necessidade de prótese
Procedimento inovador abrevia período de recuperação e antecipa retorno do paciente às atividades cotidianas
Dores no quadril são responsáveis por afastar as pessoas das atividades físicas, cotidianas e profissionais. O problema pode ocorrer em qualquer faixa etária, resultar em uma vida com limitações e em uma grande porcentagem dos casos, acabar em procedimento cirúrgico. “O avanço da medicina tem contribuído para o desenvolvimento de novas técnicas que visam o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida por meio da prevenção”, declara o médico ortopedista Dr. Christiano Saliba Uliana, especialista em cirurgia do quadril. Segundo ele, um desses conceitos atuais e que vem ganhando espaço no tratamento das dores e doenças do quadril é a chamada cirurgia preservadora do quadril.
A técnica trata certos sintomas e doenças do quadril por meio da correção de deformidades ósseas que causam dores e podem levar ao desgaste da articulação ou à artrose. Saliba conta que, com a cirurgia, o paciente volta a levar uma vida normal, já que seis meses após a sua realização é possível retornar às atividades normais e sem restrições. “A pessoa sai do hospital no dia seguinte ao procedimento, andando e sem dor”, ressalta. De acordo com o especialista, além de oferecer um resultado efetivo, o custo da técnica sai pela metade do valor de um procedimento que envolva utilização de próteses.
O médico explica que o procedimento tem dois objetivos: melhorar as dores causadas por lesões ósseas ou de cartilagem, proporcionando aos pacientes uma vida ativa e sem limitações e alterar a mecânica da articulação para que uma possível artrose não se desenvolva, o que evita a necessidade de colocação de prótese do quadril.
Para o médico, os mais beneficiados pelo tratamento são as pessoas na faixa etária entre os 20 até, aproximadamente, 50 anos. Atletas recreativos e profissionais tem maior chance de desenvolver dores ao redor da articulação do quadril, devido à atividade de impacto e movimentos rotacionais. “A cirurgia preservadora pode corrigir as causas de dores na população que pratica esportes de forma regular”, destaca.
Pessoas nesta idade têm uma probabilidade menor de portarem artrose do quadril e como a cirurgia tem a intenção justamente de evitar a artrose, não faz sentido um paciente com artrose instalada ser submetido à cirurgia preservadora do quadril. “Muitos estudos comprovam que os resultados do procedimento não são satisfatórios quando já existe um desgaste na articulação”, esclarece.
Doenças ou sintomas tratáveis
Atualmente, a maior parte das cirurgias preservadoras são realizadas para o tratamento de uma condição chamada “impacto femoro acetabular”. O impacto é uma condição mecânica que envolve os ossos do quadril e pode causar danos à cartilagem, além de dores frequentes localizadas na virilha, na maior parte das vezes.
Outra queixa comum é a limitação de alguns movimentos do quadril. De acordo com o especialista, a pessoa sente-se mais “travada” quando, por exemplo, vai realizar algum alongamento, com maiores amplitudes de movimento. Lesões do labrum acetabular -estrutura cartilaginosa que compõe a articulação do quadril - também podem ser tratadas com esse procedimento por meio da reinserção da parte lesada desta cartilagem e, assim, aliviar as dores. Por conta desta lesão, pode ocorrer também uma instabilidade, ou seja, frouxidão, estalos profundos ou dor irradiada para a região da coxa.
Tipos da cirurgia preservadora
A intervenção é dividida em duas áreas: aberta (osteotomias) ou artroscópica. As osteotomias são procedimentos realizados com cortes ósseos que possibilitam a correção de deformidades que podem causar dor ou artrose. Já as cirurgias por vídeoartroscopia são procedimentos minimamente invasivos que possibilitam o tratamento de lesões de cartilagem, como as labrais, correção do impacto femoroacetabular, entre outras enfermidades.
“Independentemente da forma de abordagem, durante a cirurgia, a condição das cartilagens e dos ossos é avaliada e tratada”, pontua Saliba. No caso do impacto femoro acetabular, busca-se a remodelação do fêmur e da bacia para que toda a amplitude de movimento articular não cause mais contato entre os ossos e, assim, as cartilagens parem de sofrer danos. “Atualmente, a tendência é que o procedimento seja realizado por vídeoartroscopia, que garante recuperação com protocolos mais avançados em relação ao tratamento aberto”, conclui.