Alta do cacau tem reflexo na Páscoa e estimula a criatividade

Com os ovos de chocolate mais caros, famílias terão de usar a criatividade para conter os gastos; professoras do UniCuritiba dão dicas para a data

A Páscoa 2025 ficou salgada. A alta de 180% no preço do cacau nos últimos dois anos – motivada pela quebra na safra internacional – pesou no bolso do consumidor. Sem produção suficiente para atender a demanda nacional, o Brasil importa boa parte do cacau usado na indústria e os reflexos já chegaram à prateleira dos supermercados.

Prevendo mudanças no comportamento do consumidor e queda nas vendas, a oferta de produtos de Páscoa deve cair. A estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) é de que, neste ano, sejam produzidas 45 milhões de unidades de ovos de Páscoa, uma queda de 22,4% em relação a 2024.

Com o preço dos ovos e coelhinhos de chocolate nas alturas, os brasileiros terão de usar a criatividade para garantir a alegria das crianças na data mais doce do ano.

De acordo com a psicóloga Alexia Lopes, professora e coordenadora pedagógica do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição da Ânima Educação –, a criatividade é inerente ao ser humano. “Mesmo diante de desafios financeiros, é possível transformar a Páscoa em uma oportunidade para estimular a imaginação das crianças e fortalecer os laços familiares.”

Segundo a especialista, algumas estratégias mais acessíveis podem ser adotadas para manter a magia da data sem comprometer o orçamento. Entre as sugestões, a psicóloga destaca:

1. Ovos de chocolate caseiros – Reunir a família para derreter chocolate e moldá-lo em formas de ovos pode ser uma experiência divertida e econômica. Além disso, os recheios podem ser personalizados conforme o gosto de cada um.

2. Caça aos ovos criativa – Em vez de investir em ovos de chocolate caros, esconda pequenos brinquedos, doces ou ovos de plástico com surpresas dentro. A brincadeira mantém a diversão e cria memórias especiais.

3. Decoração de ovos – Cozinhar ovos de galinha e permitir que as crianças os decorem com tintas, canetinhas ou adesivos pode se tornar uma tradição encantadora e acessível.

4. Biscoitos temáticos – Preparar biscoitos em formato de coelhinhos ou ovos e decorá-los em família torna a experiência ainda mais especial. Além de ser uma atividade lúdica, todos podem saborear o resultado.

5. Contação de histórias – Compartilhar histórias sobre a Páscoa, suas tradições e significados reforça o espírito da data, proporcionando momentos de aprendizado e conexão entre as gerações.

Receitas para fazer em casa

Para ajudar nas dicas da psicóloga Alexia Lopes, a nutricionista Marcella Oliveira – professora do curso de Nutrição do UniCuritiba – ensina as receitas de ovo caseiro e biscoito temático.

“O chocolate é um alimento que nos traz muito prazer e, mesmo com a alta dos preços, podemos encontrar equilíbrio ao prepará-lo em casa, explorando novos sabores sem culpa. Afinal, a Páscoa é um momento de celebração, não de restrição”, lembra a nutricionista.

OVO DE COLHER RECHEADO COM PUDIM
Ingredientes

Ovo de chocolate
300 gramas de chocolate (pode ser branco, ao leite ou amargo, conforme sua preferência)

Pudim
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite
1 lata de leite
1 envelope de gelatina incolor sem sabor
100 ml de água morna

Calda
1 xícara (chá) de açúcar
1/2 xícara (chá) de água

Modo de preparo
1. Derreta o chocolate em banho-maria. Assim que estiver totalmente derretido, coloque em duas formas de ovo de Páscoa. Leve para o freezer até endurecer.
2. Para o pudim, dissolva a gelatina sem sabor em 100 ml água morna, mexendo até dissolver completamente. No liquidificador, bata o leite condensado, o creme de leite, o leite e a gelatina até obter um creme liso e homogêneo. Reserve.
3. Para fazer a calda, despeje o açúcar e a água em uma panela. Leve ao fogo e mexa até caramelizar.

Montagem
1. Desenforme o chocolate e apoie as duas metades para que não tombem e derrame o recheio.
2. Preencha cada metade do ovo de chocolate com o creme do pudim. Não complete até a borda. Deixe cerca de 0,5 cm para receber a calda.
3. Leve os ovos com o pudim para gelar por 2 horas. Depois, coloque a calda e volte para a geladeira por mais 1 hora. Sirva gelado.

BISCOITO TEMÁTICO DE PÁSCOA
Ingredientes
Massa
3 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de manteiga sem sal amolecida
1 xícara de açúcar
1 ovo
1 colher de chá de essência de baunilha ou raspa de limão
1 colher (café) de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal

Glacê
250 gramas de açúcar de confeiteiro (impalpável)
2 claras de ovo
1 colher (sopa) de suco de limão
Corantes alimentícios e confeitos (opcional)

Modo de preparo
1. Bata o açúcar e a manteiga (de preferência com a batedeira) até conseguir uma mistura homogênea e bem suave. Acrescente o ovo e a essência de baunilha (ou as raspas). Volte a bater para incorporar.
2. Em outra tigela, misture os ingredientes secos (farinha, bicarbonato e sal). Aos poucos, adicione os ingredientes secos ao creme de manteiga, misturando com as mãos (nessa etapa, a massa ficará mais pesada).
3. Depois que todos os ingredientes estiverem incorporados, amasse bem. A massa precisa desgrudar das mãos. Ao chegar nesse ponto, faça uma bola com a massa e reserve na geladeira entre 30 minutos e 1 hora.
4. Após esse tempo abra a massa dos biscoitos até ficarem com cerca de 3 mm de espessura. Usando cortadores temáticos, corte biscoitinhos e leve para assar em forno preaquecido a 180ºC por 10 minutos (ou até começarem a dourar ligeiramente nas laterais).
Dica: preste atenção ao cozimento dos biscoitos, pois eles queimam rápido.

1. Para o glacê, coloque na batedeira todos todos os ingredientes e bata até obter uma mistura firme e brilhante. Coloque o creme em um saquinho e faça um pequeno furo em uma das pontas. Assim, o glacê já está pronto para decorar os biscoitos.
2. Se quiser colorir o creme, misture gotas de corante comestível até obter a cor desejada. Depois, é só soltar a criatividade, cobrindo o biscoito com o glacê e confeitos coloridos.

Sobre o UniCuritiba

O UniCuritiba completa 75 anos de tradição e excelência em 2025. A instituição é reconhecida como referência entre os paranaenses e, pelo MEC, como uma das melhores instituições de ensino superior de Curitiba (PR).

Destaca-se por ter um dos melhores cursos de Direito do país, com selo de qualidade OAB Recomenda em todas as suas edições, além de ser referência na área de Relações Internacionais.

Integrante do maior e mais inovador ecossistema de ensino de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima, o UniCuritiba conta com mais de 70 opções de cursos de graduação em todas as áreas do conhecimento, além de pós-graduação, mestrado e doutorado.

Possui uma estrutura completa e diferenciada, com mais de 60 laboratórios e professores mestres e doutores com vivência prática e longa experiência profissional. O UniCuritiba tem seu ensino focado na conexão com o mundo do trabalho e com as práticas mais atuais das profissões, estimulando o networking e as vivências multidisciplinares.

Não existe saúde mental sem uma comunicação interna não violenta

* Por Juliana Albanez

Em abril de 2024, o cenário corporativo brasileiro ganhou um novo capítulo com a sanção da Lei nº 14.831/24, que criou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. Mais do que uma formalidade, essa certificação reconhece organizações que oferecem um ambiente de trabalho saudável e que se preocupam com o bem-estar emocional de seus colaboradores.

A ideia é simples: empresas saudáveis = colaboradores felizes = produtividade em alta. Concedido pelo Governo Federal e com validade de dois anos, o selo incentiva a manutenção contínua de boas práticas organizacionais. Não é uma conquista pontual, mas um compromisso constante.

E os benefícios vão além do bem-estar da equipe. Uma empresa certificada fortalece sua imagem institucional, ganha credibilidade com clientes e parceiros e se diferencia no mercado como uma marca que entrega mais do que produtos, se torna reconhecida pela segurança emocional. Algumas, inclusive, criaram departamentos da felicidade! E no centro dessa estratégia está um elemento-chave: a comunicação interna. É ela que dá voz às iniciativas, conecta pessoas e alinha propósitos. De nada adianta implementar ações se ninguém sabe que elas existem.

No entanto, antes de sair em busca de certificações, é preciso analisar o ambiente interno e identificar sinais de que algo não vai tão bem. Os sintomas comuns em ambientes disfuncionais são o clima de julgamento constante, onde os colegas mais parecem juízes, prontos para criticar, mas nunca para colaborar; a falta de diálogo, quando informações importantes são ignoradas ou escondidas, e os problemas só se acumulam; feedbacks informais e ineficazes, com conselhos que surgem nos corredores e sem plano de ação claro; apatia coletiva, quando ninguém se importa com o outro. Como consequência, o índice de rotatividade dispara e se estabelece um ambiente tenso, onde o clima é pesado, hostil e que afasta talentos.

A boa notícia é que há caminhos para transformar esse cenário. É preciso investir em treinamentos focados em comunicação não violenta, fortalecimento da cultura organizacional e estímulo ao diálogo e à empatia. Essas ações não são apenas boas práticas, mas sim respostas estratégicas ao novo cenário legal e social das empresas brasileiras.

Afinal, a recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) equipara a saúde mental à saúde física no que diz respeito à segurança e saúde do trabalho. Ou seja, cuidar do bem-estar psicológico deixou de ser um diferencial e passou a ser obrigação legal.

Mais do que isso, é um sinal dos tempos: empresas precisam se preparar para cultivar ambientes saudáveis, sustentáveis e até mesmo divertidos. No fim do dia, uma empresa que cuida da saúde mental não está apenas cumprindo a lei, mas está construindo um lugar onde as pessoas desejam estar. E, em um mercado cada vez mais competitivo, isso é um ativo precioso. A pergunta que fica é: sua empresa está pronta para conquistar esse selo? E, mais ainda, para sustentar o que ele representa?

*Juliana (@jualbanez) é jornalista, escritora, palestrante, consultora de empresas na Europa e especialista na formação de speakers.

Ovo de Páscoa de alfarroba é alternativa para driblar o preço do cacau

Nutricionista ensina duas receitas saudáveis e mais baratas para substituir o tradicional ovo de chocolate

O cacau subiu 189% em 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia). Apesar de considerar que nem todo esse aumento será repassado ao consumidor, a entidade estima que haverá impacto no preço dos Ovos de Páscoa em 2025. Isso significa que muitas famílias precisarão de criatividade para presentear filhos, parentes, amigos e ainda cuidar do orçamento.

Diante desse cenário, a professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR), Janaiara Moreira Sebold Berbel, apresenta duas opções que podem tornar o presente de Páscoa mais acessível. Além da economia, as indicações são mais saudáveis, evitam o excesso de açúcares e gorduras comuns em vários chocolates industrializados.

Benefícios da alfarroba

A primeira delas é a alfarroba; uma leguminosa nutritiva, com baixo teor de açúcar, rica em fibras, vitaminas A e B e minerais como cálcio, magnésio, potássio e ferro.

Em termos comparativos, o cacau em pó apresenta teor de gordura de 23,4 g por 100 g, enquanto a farinha de alfarroba fica na ordem dos 0,3 g por 100 g e não apresenta ácidos gordos saturados na sua composição.

Já sobre os custos financeiros, a vantagem é ainda maior. O preço médio do quilo de chocolate ao leite com 37% de cacau sai por R$ 114,89, enquanto o quilo da alfarroba em pó fica em R$ 70; economia de 64%.

Confira a receita para fazer Ovo de Páscoa de alfarroba
Ingredientes

· 200g de farinha de alfarroba ou chips de alfarroba
· 1/2 xícara de leite vegetal (amêndoas, aveia ou coco)
· 2 colheres (sopa) de óleo de coco ou manteiga vegetal
· 2 colheres (sopa) de mel, açúcar de coco ou xilitol (opcional, para adoçar)
· 1/4 xícara de farinha de amêndoas ou aveia (para dar consistência)
· Formas de ovo de Páscoa (ou de silicone)

Modo de preparo

· Se estiver usando chips de alfarroba, derreta-os em banho-maria com o óleo de coco, mexendo até ficar homogêneo.
· Se estiver usando farinha de alfarroba, misture-a diretamente com o leite vegetal e o óleo em fogo baixo, até obter uma consistência cremosa.
· Adoce, se desejar, e mexa bem.
· Adicione a farinha de amêndoas ou aveia para engrossar, se necessário. Se a mistura estiver muito grossa, acrescente leite vegetal. A textura deve ficar cremosa, mas firme o suficiente para moldar.
· Modele a mistura nas formas de ovo de Páscoa e leve à geladeira por cerca de 2 horas.
· Desenforme com cuidado e decore a gosto com raspas de coco, castanhas trituradas ou frutas secas.
· Você pode rechear o ovo de alfarroba com doce de leite vegetal, geleia de frutas ou uma mistura de frutas secas e castanhas.
· Guarde o ovo de alfarroba na geladeira, pois ele pode derreter em temperatura ambiente devido ao óleo de coco
· Rende 2 porções

Outra alternativa ao ovo de chocolate

A segunda opção indicada pela nutricionista Janaiara é substituir o ovo de chocolate pelo Hot Cross Buns [pão quente cruzado]; um tipo de pão que pode ser feito em casa. "Há diversas opções criativas e saborosas para a Páscoa, que podem substituir os ovos tradicionais, sem comprometer o orçamento familiar", explica.

Com formato redondo e uma cruz marcada na parte de cima, esses pãezinhos tradicionais da Páscoa têm massa levemente adocicada, vem recheados com frutas secas, especiarias, podem conter casca de laranja ou até mesmo pedaços de maçã ou pera e são muito consumidos em países de língua inglesa.

Confira a receita para fazer o Hot Cross Buns
Ingredientes

· 500g de farinha de trigo
· 1/2 xícara de açúcar
· 1 colher (sopa) de fermento biológico seco
· 1/2 xícara de leite morno
· 1/2 xícara de água morna
· 1 ovo
· 1/4 xícara de manteiga sem sal (derretida)
· 1 colher (chá) de canela em pó
· 1/2 colher (chá) de noz-moscada
· 1/4 colher (chá) de cravo em pó (opcional)
· 1/2 xícara de uvas-passas ou frutas cristalizadas
· 1/4 xícara de casca de laranja cristalizada (opcional)
· 1/2 colher (chá) de sal

Modo de preparo

· Misture o fermento com o leite morno e uma colher de sopa de açúcar. Deixe descansar de 5 a 10 minutos até espumar
· Em uma tigela grande, misture a farinha, o restante do açúcar, as especiarias (canela, noz-moscada e cravo) e o sal
· Adicione a mistura de fermento, o ovo, a manteiga derretida e a água morna. Misture até formar uma massa homogênea
· Sove a massa em uma superfície enfarinhada por cerca de 10 minutos até ficar lisa e elástica
· Acrescente as frutas secas e misture. Deixe a massa descansar
· Coloque a massa em uma tigela untada, cubra com um pano úmido e deixe descansar em um local aquecido por 1 a 2 horas até dobrar de volume
· Modele bolinhas (12 porções iguais) e disponha em uma assadeira untada. Cubra com pano úmido e deixe crescer novamente por 30 a 40 minutos
· Preparação da cruz: misture farinha e água até formar uma pasta grossa. Coloque a massa em um saco de confeitar ou em um saquinho plástico com um furo na ponta.
· Com a massa, desenhe uma cruz sobre os pães
· Pré-aqueça o forno a 180°C e asse os pães por 20 a 25 minutos
· Preparação da calda: Em uma panela pequena, misture o açúcar e a água e leve ao fogo até dissolver e formar uma calda leve
· Pincele os pães quentes com a calda para dar brilho
· Rende 15 porções

“Dessas maneiras, é possível manter a tradição da Páscoa de maneira acessível, sem abrir mão do sabor e da criatividade. O importante é celebrar a data com amor e significado, independentemente do formato do presente", conclui a professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR), Janaiara Moreira Sebold Berbel.

Sobre o Centro Universitário Integrado

Localizado em Campo Mourão (PR), o Centro Universitário Integrado oferece, há mais de 25 anos, ensino superior de excelência reconhecido pelo MEC com nota máxima (5) no Conceito Institucional e nota 4 no Índice Geral de Cursos (IGC). Atento ao que o mercado necessita, busca ofertar um ensino de qualidade voltado às competências que precisam ser desenvolvidas por todos os profissionais.

Para isso, conta com infraestrutura moderna, laboratórios com tecnologia de ponta, metodologias de ensino inovadoras e corpo docente com forte experiência acadêmica e vivência prática.

Atualmente, o Integrado oferece mais de 55 cursos de graduação presencial, semipresencial e a distância - incluindo Direito, Medicina e Odontologia - e mais de 100 cursos de pós-graduação em diversas áreas do conhecimento.

Recuperação Judicial dispara no Brasil e o administrador judicial se torna fundamental para a sobrevivência das empresas

Má gestão, vestígios da pandemia e ausência de documentação são alguns dos elementos que desencadeiam a crise

O Brasil tem registrado um aumento expressivo nos pedidos de recuperação judicial nos últimos anos. Dados da Serasa Experian mostram que, no primeiro semestre de 2024, foram protocolados 1.014 pedidos, um crescimento de 71% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já em 2025, o número continuou em alta, atingindo um novo recorde com 162 novos pedidos em janeiro, um aumento de 8,2% em relação ao mesmo mês ao anos anterior. Esse cenário reflete as dificuldades econômicas enfrentadas por diversos setores, agravadas por juros elevados, crédito restrito e oscilações nos custos de produção.

Para Rodrigo Totino, advogado do MBT Advogados, escritório especializado em recuperação judicial, esse crescimento não se deve apenas à crise econômica, mas também a uma maior conscientização das empresas sobre o mecanismo legítimo de reestruturação. “O instituto da recuperação judicial amadureceu no Brasil. Antes, era visto como um último recurso ou até um demérito. Hoje, empresários compreendem que se trata de uma ferramenta legal para reorganizar suas finanças e preservar empregos”, afirma Totino.

O papel do administrador judicial é essencial no processo, pois preserva a transparência e viabilidade da recuperação. Ele assume o papel de protetor, garantindo que as empresas em tal situação cumpram seus compromissos e possam retomar suas operações com estabilidade. Trata-se de uma intermediação entre credores e empresas, onde o administrador fiscaliza a execução do plano e auxilia o juiz em questões contábeis e financeiras. Totino destaca que, em alguns casos, a má gestão empresarial é um fator determinante para a crise financeira. “A Lei de Recuperação Judicial foi criada para salvar empresas viáveis, não empresários ruins. Se a má gestão continuar, dificilmente o recurso será bem-sucedido”, explica.

Atualmente, o MBT Advogados acompanha processos que somam mais de R$ 1 bilhão em ativos e passivos, o que demonstra a grandeza dessas operações. Um dos setores mais impactados pelo aumento de pedidos é o agronegócio. A expansão da agricultura em estados como Rondônia e Mato Grosso levou muitos produtores a assumirem grandes volumes de crédito, muitas vezes sem planejamento adequado.

Totino ressalta que a alta nos preços das commodities durante a pandemia incentivou investimentos que, com a queda dos valores de mercado, se tornaram insustentáveis. “Muitos produtores estruturaram seus negócios com base em preços elevados. Com a desvalorização das commodities, enfrentam dificuldades para honrar suas dívidas e recorrem à recuperação judicial para congelar passivos e manter as operações”, explica o advogado.

A legislação atual permite que produtores rurais solicitem recuperação judicial, desde que comprovem exercício regular da atividade econômica. No entanto, Totino alerta que a falta de formalização pode ser um entrave. “Produtores precisam se organizar juridicamente para acessar esse mecanismo. Sem documentação adequada, muitos enfrentam desafios na obtenção do benefício”, conclui.

Diante desse cenário, a administração judicial profissionalizada se torna cada vez mais relevante. Garantir que o processo de recuperação ocorra com transparência e eficiência é essencial não apenas para salvar empresas, mas para preservar empregos e contribuir para a estabilidade econômica do país.