A cultura árabe no desenvolvimento do ocidente é tema de curso ministrado por professor paranaense
A convite da PUC-PR, o professor Jamil Ibrahim Iskandar ministrará um curso cujo assunto é Cultura e Arte Islâmica
Difundir a cultura e a arte islâmica com o intuito de desmitificar o preconceito que circunda o islamismo, é o principal objetivo do curso de extensão oferecido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ministrado pelo professor Jamil Ibrahim Iskandar, o curso “Cultura e Arte no Islã” abordará a história cultural do mundo árabe-islâmico e a contribuição dos árabes no desenvolvimento do ocidente, principalmente em áreas como filosofia, medicina, astronomia e matemática. As inscrições estão abertas no site da instituição e as aulas acontecerão sempre às sextas-feiras, de 29 de setembro a 27 de outubro.
Os árabes, uma das civilizações mais antigas do mundo, têm um papel relevante na evolução da civilização ocidental, considerando um aspecto chave: a propagação do conhecimento. “Essa sociedade foi importante receptora da filosofia grega e, ao mesmo tempo, difusora desta cultura ao mundo”, pontua o professor Iskandar, que é pós-doutor em filosofia medieval árabe pela Universidade Complutense de Madrid, Espanha, e membro da diretoria da Sociedade Árabe de Beneficência (Saben).
Segundo ele, ao fundar a Casa da Sabedoria no século IX, em Bagdá, no Iraque, os árabes deram início ao movimento de traduções de importantes obras de pensadores da Grécia Antiga. Em sua época, esta Casa foi considerada um dos maiores centros intelectuais da humanidade. “A Casa acolheu todas as pessoas, sem se interessar por credo e religião. Cristãos, mulçumanos e judeus se reuniam em harmonia para pesquisas e traduções”, conta o professor. “A partir do século X, as obras destes filósofos foram traduzidos para o árabe e, posteriormente, os latinos traduziram muitas destas para o latim. Esta postura contribuiu para difundir o saber e a filosofia no ocidente, especialmente na Europa”, explica o professor.
“O amor pelo conhecimento, foi a maior prova da união de religiões nesta época. A postura acolhedora motivada pelo amor e busca do saber no mundo islâmico criou um ambiente de paz entre diferentes religiões e comunidades”, destaca Iskandar. “Os alunos do curso, ampliando o conhecimento acerca do tema, serão os vetores da verdadeira cultura e arte desenvolvidas em terras do Islã”, explica o professor, que se refere ao clima de conflitos políticos e guerras que o Oriente Médio vive atualmente. “Vamos resgatar a realidade muçulmana e sua importância para o mundo, bem como sua arte, apreciada até hoje, sem proselitismo ou apologia à religião e política”, frisa o professor.
Arte característica
A beleza da Arte Islâmica é admirada em todo o mundo. Pode-se, por exemplo, constatar isto no departamento inaugurado no Museu do Louvre, em Paris, na França, há cinco anos, com cerca de três mil itens expostos. “Por conta da proibição religiosa de rezar diante de imagens, os árabes-muçulmanos desenvolveram a arte da caligrafia para tornar belas as palavras que se referem ao sagrado e de louvação a Deus. Desenvolveram também a reprodução artística de elementos da natureza e os conhecidos arabescos” explica Iskandar. A convite do Louvre - e no próprio museu - o professor participou de pesquisas durante três meses sobre “A influência do sagrado na produção de Arte no Islã”. As referências do período de estudo serão apresentadas aos alunos do curso como forma de ilustrar a produção da arte islâmica.
Nascido no Líbano, Jamil Ibrahim Iskandar tem mestrado em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doutorado, também em filosofia, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutorado em filosofia medieval árabe, pela Universidade Complutense em Madrid, na Espanha. Atualmente, é professor na Escola de Filosofia, Letras e Ciência Humanas da Universidade Federal de São Paulo, na disciplina de História da Filosofia Medieval árabe e membro da diretoria da Sociedade Árabe de Beneficência (Saben).
Add a comment