Profissionais da saúde recebem cartas de agradecimento escritas por estudantes do ensino fundamental

Profissionais da saúde recebem cartas de agradecimento escritas por estudantes do ensino fundamental

Mais de 1.600 cartas foram enviadas por crianças e adolescentes em homenagem às equipes que salvam vidas antes e durante a pandemia

Em meio à tanta correria, cansaço, noites sem dormir e demandas crescentes nos hospitais, os profissionais da saúde tiveram um momento de alegria e emoção nesta segunda-feira (14). Médicos e enfermeiros dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), foram homenageados com mais de 1.600 cartas escritas à mão, em agradecimento por todo o esforço prestado à sociedade para salvar vidas, seja no tratamento de pacientes com Covid-19 ou no atendimento de traumas.

As palavras cheias de amor foram escritas por crianças e adolescentes, estudantes do ensino fundamental da capital. A carta escrita por Fernando, do 7º ano, reflete a gratidão e a importância dos profissionais da saúde. “Eu escrevi a carta para agradecer a todos os médicos que estão lutando para salvar a vida das pessoas que estão internadas com Covid-19, e pela minha mãe também, que há alguns anos fez uma cirurgia para retirar um tumor da cabeça e toda a equipe do Hospital Marcelino Champagnat cuidou muito bem dela. Hoje nós somos muito gratos e admiramos o trabalho de todos”, diz.

O médico cardiologista do Hospital Universitário Cajuru, Thiago Nasser Tummler, se emocionou ao ler a carta que recebeu e falou sobre a importância de pequenos gestos de carinho em momentos difíceis como os vividos atualmente. “Ter essa homenagem das crianças enche nosso coração, conforta muito a gente. Nos sentimos no caminho certo para encarar esses tempos difíceis que a gente viveu e vem vivendo ainda, cada dia mais", diz. Para a técnica de enfermagem e auxiliar da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, Graziele Martins, a ação foi emocionante. “Meus olhos encheram de lágrimas. Até brinquei, não posso chorar pois está quase na hora da medicação e nós precisamos estar concentrados para isso", conta.

A entrega nos hospitais foi acompanhada por uma homenagem com música, bênção de Frei e também a presença do quinteto de sopro da Polícia Militar.

Sobre o Hospital Marcelino Champagnat

O Hospital Marcelino Champagnat faz parte do Grupo Marista e nasceu com o compromisso de atender seus pacientes de forma completa e com princípios médicos de qualidade e segurança. É referência em procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. Nas especialidades destacam-se: cardiologia, neurocirurgia, ortopedia e cirurgia geral e bariátrica, além de serviços diferenciados de Check-up. Planejado para atender a todos os quesitos internacionais de qualidade assistencial, é o único do Paraná certificado pela Joint Commission International (JCI).

Sobre o Hospital Universitário Cajuru

O Hospital Universitário Cajuru é uma instituição filantrópica com atendimento 100% SUS. Está orientada pelos princípios éticos, cristãos e valores do Grupo Marista. Vinculado às escolas de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), preza pelo atendimento humanizado, com destaque para procedimentos cirúrgicos, transplante renal, urgência, emergência, traumas e atendimento de retaguarda a Pronto Atendimentos e UPAs de Curitiba e cidades da Região Metropolitana.

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Torcer pela Seleção ou pelo Brasil?

Torcer pela Seleção ou pelo Brasil?

Marcelo Abreu Ducroquet*

Em um período de apenas dez dias, recebemos duas notícias surpreendentes. Primeiro, a Copa América na Argentina e Colômbia seria cancelada e, segundo, o Brasil aceitou receber a competição a duas semanas do início. A primeira notícia não é inédita, a história do torneio é marcada pela intermitência e mudanças no cronograma. A segunda é inédita. Quem aceitaria sediar um evento dessa magnitude em cima da hora? Quais são os benefícios de sediar a competição? Quais são os riscos?

Os benefícios são econômicos e políticos. As pessoas envolvidas na organização da Copa ganharão milhões. Direitos de transmissão e publicidade. Aparentemente, os clubes donos de estádios que recebem jogos também recebem pagamentos. Em tempos normais, um pouco do dinheiro permearia a economia por meio do turismo, aumentaria o faturamento de restaurantes e hotéis. Com mais pessoas visitando o Brasil, aumentaria o número de oportunidades de negócios. Mas neste ano, esses benefícios tendem a ser reduzidos pelas dificuldades de deslocamentos impostas por vários países. Mesmo que o governo brasileiro não imponha restrições de viagem, muitos países não recomendam que seus cidadãos venham ao Brasil neste momento.

Que malefícios a Copa pode trazer? São políticos e sanitários. Os governos estaduais e municipais decretaram restrições à atividade comercial ao longo do último ano. É difícil conciliar essa posição com a realização de um evento esportivo internacional com o qual não tínhamos compromisso. Esse ponto é especialmente relevante. Não tínhamos nenhum compromisso assumido com a realização da Copa América este ano. O governo japonês está enfrentando duras críticas internas pela manutenção dos Jogos Olímpicos. O argumento que estão usando é que o cancelamento representaria um prejuízo de 50 bilhões de dólares. Hotéis programaram ampliações, contrataram funcionários. Pessoas investiram dinheiro, fizeram empréstimos... Não é o nosso caso, soubemos que a Copa seria no Brasil menos de 15 dias antes do início da competição. A situação aqui é oposta. Não houve tempo para preparar nada.

Em relação à questão sanitária, os riscos estão relacionados principalmente à entrada de novas cepas no Brasil. Um dos países mais bem sucedidos no combate à pandemia é a Austrália. Qual é o segredo? Um embargo praticamente completo a entrada de pessoas no país. Realizar um evento internacional é o oposto disso.

O Brasil já se mostra fértil em desenvolver novas cepas, o que acontece, principalmente, pela falta de um plano integrado de combate à pandemia. De acordo com a plataforma de dados genômicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o País tem, atualmente, mais de 90 cepas em território nacional. E o principal desafio com as variantes é o alto grau de transmissão, além dos riscos de mutação. As restrições impostas até aqui não se provaram eficientes, basta olhar a atualização do número de mortes. Portanto, mesmo sem público, a competição vai reunir muitas pessoas - algumas delegações estão vacinadas, mas não completamente. E isso não é garantia de que eles não possam transmitir o vírus.

Ou seja, com a entrada de mais pessoas, novas linhagens, novas variantes, novas cepas, possíveis mutações, mais pessoas infectadas, mais hospitalizações, mais mortes, mais famílias em luto. E tudo novamente. Até que o Brasil tenha como prioridade a vida.

O que poderia ter sido feito quanto a Argentina e Colômbia que se recusaram a receber os jogos? A alternativa mais clara seria o cancelamento ou adiamento do evento. Que, aliás, parece ser a alternativa preferida dos jogadores, não pelo risco de contaminação com Covid-19, mas porque a competição é realizada a cada dois anos e atrapalha os compromissos profissionais dos jogadores com seus clubes. Nem eles têm interesse nessa competição.

Esse ano, o melhor seria torcer pelo Brasil e não pela Seleção.

*Marcelo Abreu Ducroquet, é infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo

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Design Digital é impulsionado com o crescimento do e-commerce durante pandemia

Design Digital é impulsionado com o crescimento do e-commerce durante pandemia

O comércio virtual cresceu muito durante 2020 e continua mostrando alta; a presença virtual com uma identidade bem desenvolvida é obrigatória para o sucesso de empresas

O e-commerce, que já apresentava um crescimento consolidado, ganhou maiores proporções com a pandemia. As restrições a saídas e compras em lojas físicas se tornaram frequentes, e muitos empresários que ainda não davam atenção ao comércio virtual logo se adaptaram. O relatório Webshoppers 43, divulgado pela Ebit|Nielsen, apresentou um crescimento de 41% em compras online em 2020, comparado ao ano anterior.

Entre janeiro e abril deste ano, segundo levantamento do SEBRAE, foram registradas 105,5 mil novas empresas brasileiras, com grande destaque à formalização de microempreendedores individuais (MEIs). Aliando uma retomada da economia com os novos formatos digitais, se torna mais do que necessário ter uma identidade virtual bem desenvolvida.

“Para os mais novos empreendedores, pode parecer confuso ou até desnecessário desenvolver a marca. A criação de um perfil em uma rede social, contudo, não é o suficiente. Até mesmo a configuração para incluir a empresa em aplicativos de compras precisa ser bem pensado. Facilitar o acesso do usuário à empresa é essencial”, comenta Francisley Valdevino da Silva, CEO da Intergalaxy SA (www.intergalaxy.io), empresa especializada em tecnologia e comunicação que desenvolve softwares, interfaces e aplicativos através da rede Blockchain.

Aproximar a marca do consumidor no meio virtual é um dos principais focos deste nicho do design. Diferente de uma loja física na qual o cliente pode conversar e ser bem atendido por um funcionário, na internet é preciso criar uma organização visual que seja funcional e agradável para o usuário. “A interface dos dispositivos precisa ser adequada de modo ergonômico na esfera cognitiva, tendo como essência a função sem esquecer da estética”, detalha Silva.

Além das redes sociais

A criação de um site pode parecer supérflua para quem considera as redes sociais sua principal rede de contato com clientes. Porém, as redes têm seus próprios sistemas e funcionalidades, que muitas vezes podem não atender a todas as necessidades da empresa. É preciso explorar esta presença virtual, entender qual a melhor rede social para o seu negócio, mas não confiar em apenas isso para conquistar novos clientes.

“A visibilidade nas redes sociais costuma ser limitada, mesmo que o número de seguidores seja alto, destacando posts patrocinados ao invés do fluxo orgânico. Com um site próprio, pode-se apresentar mais informações sem ter que lidar com esses entraves. É importante, por exemplo, apostar em fotos bem-feitas, em qualquer ramo que seja a empresa. O aspecto visual é decisivo na hora de impressionar clientes e afunilar a decisão de compra”, explica o CEO da Intergalaxy SA.

Para os próximos meses, o especialista aposta em uma tendência que parecia ter perdido força e que voltou a ganhar destaque no mercado: os blogs. “Hospedados dentro dos próprios sites, os blogs podem fornecer informações mais completas sobre a empresa e os produtos, ou ainda dar dicas e notícias com temas relacionados ao segmento da empresa, sem ter necessariamente o objetivo da venda. Criar vínculo com a marca faz a diferença”, completa Silva.

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Robótica, automação e inteligência artificial ao alcance de todos

Robótica, automação e inteligência artificial ao alcance de todos

A Tinbot Robótica, uma startup do Grupo DB1 especializada em robótica e projetos interativos para empresas, apresenta a última palavra em automação e inteligência artificial para empresas

É estranho pensar que o sistema do supermercado, por exemplo, é uma solução com IA (inteligência artificial) aplicada ao dia a dia e que, ao contrário do que os filmes de Hollywood romantizavam, a maioria dos sistemas que podem ser considerados robôs não possuem um corpo físico e nem caminham ao lado dos humanos pelas ruas.

É o caso da Siri e da Alexa, assistentes pessoais em aparelhos menores e menos robustos do que robôs humanoides, mas que, ainda assim, são aplicações de inteligência artificial capazes de realizar diversas tarefas, exatamente como os robôs dos filmes.

IA e automação nas empresas

Em alguns segmentos, como o automobilístico, a inteligência artificial é utilizada há anos nas linhas de montagem dos veículos. Se até agora essa tecnologia era uma exclusividade de grandes corporações, finalmente chegou a hora de negócios menores aplicarem a inteligência artificial em diversas atividades do seu dia a dia.

É o caso do Tinbot, o primeiro robô brasileiro interativo que reúne Inteligência Artificial, Cognição e IoT (Internet of Things) - desenvolvido pela Tinbot Robótica, startup parte do Grupo DB1, que já foi capa da Forbes, apresentou eventos, estrelou o programa zero1 ao lado de Tiago Leifert, serviu de elo de ligação entre pacientes acometidos pela Covid-19 e seus entes queridos e vem sendo usado para recepcionar colaboradores e convidados na sede da DB1 em Maringá.

Os robôs são sistemas desenvolvidos para realizar uma ou mais tarefas humanas, tenham eles um corpo físico ou não. Eles podem ter inteligência artificial aplicada, para que sejam inteligentes, mas esse não é um requisito obrigatório. A maioria dos robôs que existem atualmente não são humanoides.

Na maioria das vezes, a IA é utilizada nas empresas na forma de softwares e de sistemas capazes de automatizar processos, economizando tempo e aumentando a produtividade da equipe. Além desses ganhos, a implantação de um ou mais tipo de inteligência artificial nos negócios é uma maneira de reduzir os erros que acontecem nos processos realizados manualmente.

Os tipos mais comuns de inteligência artificial utilizados atualmente pelas empresas incluem chatbots, assistentes virtuais, soluções para recomendações de produtos e cross selling, softwares de automação como CRM e ERP e sistemas de segurança, todos sem um corpo físico.

Os robôs nas empresas

Ainda que a maioria das pessoas entenda que todas essas soluções apresentadas anteriormente são, de fato, robôs, o que elas querem mesmo ver são dispositivos humanoides interagindo no dia a dia com as pessoas. O que elas não sabem é que isso já está ao alcance de empresas de pequeno e médio porte.

Um ótimo exemplo é a sede do Grupo DB1 em Maringá que, além de contar com o robô humanoide Tinbot na recepção, exibe com orgulho a Daisy, a mais nova assistente virtual desenvolvida in house.

Conectada aos dispositivos inteligentes do local - como o reconhecedor facial que abre a porta apenas para as pessoas autorizadas e que, por enquanto, estejam usando máscara, as luzes do corredor, entre outros equipamentos – a Daisy foi programada para se comunicar e fornecer informações relevantes aos colaboradores e visitantes.

Ela pode fazer piadas, cumprimentar pessoas que acabaram de chegar, mudar a cor das luzes para o tom preferido de quem solicitar e falar os compromissos da agenda do colaborador, entre outras funções programáveis.

Marco Diniz Garcia Gomes, Líder de Produto da Tinbot Robótica, explica que a inteligência artificial tanto do Tinbot, quanto da Daisy, já está disponível para venda. “Além de encantar colaboradores e visitantes, é uma forma de modernizar a empresa, inserindo tecnologia de ponta no dia a dia e permitindo que a empresa se destaque da concorrência, torne-se mais segura e crie experiências incríveis e inovadoras”.

Sobre a Tinbot Robótica

Criada em 2017, a Tinbot Robótica é uma startup especializada na fabricação de robôs inteligentes e customizados. Por meio dos robôs, sua missão é oferecer uma experiência diferenciada para as pessoas e ajudar empresas a construírem uma imagem inovadora. Como parte do Grupo DB1, conta com o know-how de 20 anos de experiência no mercado tecnológico. Foi a desenvolvedora do Tinbot, o primeiro robô brasileiro interativo que reúne Inteligência Artificial, Cognição e IoT (Internet of Things). A startup também conta com outras soluções robóticas como o Tinbot X, robô inteligente voltado para empresas que querem introduzir a robótica em seu negócio de uma forma inovadora, e u-Robot, pensado para empresas que desejam um nível superior de customização. Também desenvolve Projetos Interativos, personalizados de inteligência, interação e robótica para promover uma experiência de inovação exclusiva para cada empresa.

Sobre o Grupo DB1

O Grupo DB1 é formado por empresas de tecnologia brasileiras, com sede em Maringá - PR - Brasil e bases operacionais no Brasil (3), Argentina (1) e Estados Unidos (1). Tem 20 anos de experiência no mercado de tecnologia da informação e oferece software e serviços de desenvolvimento para empresas (B2B). Sempre com posicionamento de produtos e serviços “premium” e de alta qualidade as empresas do grupo são líderes de mercado como ANYMARKET, Consignet, DB1 Global Software, DUCZ, Koncili, EIVE, Predize e o robô Tinbot. O grupo tem conquistado inúmeros prêmios de gestão e inovação e figura há 11 anos consecutivos entre as melhores empresas para se trabalhar pela GPTW (Great Place to Work). O Grupo DB1 também foi reconhecido pelo Financial Times, um dos mais renomados jornais britânicos, como uma das 500 empresas que mais crescem nas Américas. Com o lema “Sua luz move o universo DB1”, e como parte do Código de Cultura do grupo, todos na organização trabalham com o propósito de transformar o futuro e impactar a vida das pessoas e organizações por meio das soluções criadas pelo grupo.

Mais informações: https://www.db1group.com/

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Nosso luto seletivo

Nosso luto seletivo

João Alfredo Lopes Nyegray*

Na atualidade interconectada, não há setor que escape da onipresença da globalização. Seja nas oscilações cambiais afetando os preços da carne, açúcar e arroz; seja na disparada das ações das companhias farmacêuticas que tiveram sucesso na venda de vacinas contra a Covid-19 para governos pelo mundo. Os negócios – ainda que alguns não saibam ou não tenham se atentado a isso – são todos afetados pelo cenário internacional.

Nesse mesmo cenário de negócios internacionais, as condutas criminosas e corruptas não são novidade. Alguns ambientes são reconhecidamente mais arriscados para se internacionalizar, justamente pelos seus níveis elevados de corrupção. Outros tantos grandes executivos já foram julgados e condenados por práticas desleais (Bernie Madoff, inclusive, faleceu na prisão há pouco tempo). Há quase vinte anos, o Código Penal brasileiro foi reformado para tipificar as condutas de corrupção ativa em transação comercial internacional e tráfico de influência em transação comercial internacional.

Enquanto acusações são feitas – e enquanto os destaques a respeito do Covid-19 tomam os noticiários –, ocorridos escusos se passam com pouco ou nenhum destaque. A região de Cabo Delgado, no Norte do país africano lusófono do Moçambique, tem sofrido há pelo menos quatro anos com o horror terrorista causado pelo grupo al-Shabab. O grupo – cujo nome traduz-se para “A Juventude” – diz seguir o quase extinto Estado Islâmico.

A petrolífera francesa Total explorava as ricas reservas de gás natural de Cabo Delgado, após investimentos na casa dos US$ 20 bilhões. Desde março, quando os ataques do al-Shabab se intensificaram, a Total deixou o país; e, em abril, suspendeu projetos que enfraquecem ainda mais a já bastante frágil economia de Moçambique.

Noutra região da África, o Burkina Faso – país de cerca de 16 milhões de pessoas – tem no ouro seu maior produto de exportação. A Suíça é um dos principais destinos do cobiçado metal minerado em Burkina. No mês de abril, graves acusações de tráfico humano envolvendo mineradoras chegaram a poucos noticiários. Muitas das mulheres traficadas vinham da Nigéria, eram forçadamente prostituídas, e cada homem pagava cerca de US$ 2 por uma relação. Sequer é possível encontrar algo a respeito em português.

O questionamento que deve ser feito, considerando os casos ocorridos no Moçambique e em Burkina Faso, é: se os mesmos fatos tivessem ocorrido na Alemanha, França ou Espanha; ou Estados Unidos, e talvez Argentina, quantos veementes protestos teriam circulado nas redes sociais? Quantos filtros de imagens de perfil teriam aparecido, no melhor estilo “Nous sommes Charlie Hebdo”? Dezenas, para falar o mínimo.

É estarrecedora a seletividade de nosso luto. Em um mundo absolutamente interconectado, a proximidade que a tecnologia trouxe parece ter tido um efeito inverso em relação a nosso sentimento de humanidade. No mesmo mês de abril – caótico para Burquinenses e Moçambicanos – a operação Harém da Polícia Federal brasileira prendeu acusados de tráfico de mulheres. No começo do mês de maio, o principal dos acusados teve sua prisão preventiva revogada. Especula-se que outro dos acusados gastava cerca de 200 mil reais por mês para relacionar-se sexualmente com menores de idade.

Se podemos adquirir produtos de qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo a qualquer momento; se podemos ficar sabendo em tempo real de ocorridos do outro lado do planeta; se temos no bolso, na bolsa ou na palma da mão acesso a quase toda informação produzida em séculos de história; talvez não estejamos fazendo bom uso de toda essa comodidade.

Os negócios internacionais ilícitos não são apenas os mais lucrativos, mas também mais frequentes do que os lícitos. Infelizmente, no entanto, preocupa-se pouco com algumas vítimas, cujas faces, nomes ou histórias não apenas não geram manchete como – preocupantemente – não geram empatia. Como percebeu Hannah Arendt, o mal banaliza-se facilmente. A luta contra a corrupção e a criminalidade, também enfraquecida no Brasil, teve um período de luto surpreendentemente curto; mas não menor, no entanto, que a tristeza causada pelos ocorridos em Burkina ou Moçambique...

*João Alfredo Lopes Nyegray, advogado, formado em Relações Internacionais, especialista em Negócios Internacionais, mestre em internacionalização e doutorando em estratégia. É coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo

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